quinta-feira, 23 de junho de 2011

U2 360º - UMA VIAGEM INSÓLITA E INESQUECÍVEL

DOIS MESES DEPOIS DE SER ATROPELADO POR UMA NAVE INTERGALÁTICA CHAMADA U2, TENHO CONDIÇÕES DE FALAR SOBRE OS SHOWS. (rascunho - continua)


Inacreditável, indescritível, hipnótico.

Tudo começou bem lá atrás, por volta do ano de 1985.

Eu era um garotinho de 10 anos pobre, que via de perto um mundo desigual, desonesto e cruel. As pessoas que eu mais amava sofriam até para comer e nada parecia capaz de mudar essa sina lamentavelmente fatídica.

Mas um dia, depois de muito fuçar nos discos de vinil do meu irmão, que havia se mudado de São Paulo para o Mato Grosso, encontrei um álbum que mudaria a minha vida: WAR, DO U2.

Daquele momento em diante, que mantenho vivo em minha mente como se fosse hoje, um novo Kléber nasceria.

Encantado por Sunday Bloody Sunday, fui descobrir de que tratava. Não deu outra, eu me apaixonei pelos caras.

Era época do Live Aid, concerto em que o dinheiro arrecadado foi revertido para as vítimas da miséria na África. Lá estava o U2, lá estava Bono, coincidentemente mudando sua vida no mesmo ano de 1985. Nossos caminhos se cruzaram e desde então tudo o que se refere ao U2 acaba se referindo a mim também.

Mas se eu for relatar todas as minhas incríveis experiências com o U2, acabo não relatando um pouco dos shows que ocorreram aqui em São Paulo neste ano de 2011.

IDEALISMO, JUVENTUDE, ALMA, SOFRIMENTO, ROCK´N ROLL


Nada, nada, nada... Nada foi capaz de abalar a minha obstinação por ver os caras bem de pertinho. Decepcionei (até agora não entendo por que) algumas das pessoas que mais amo só para estar com eles.


Sexta-feira, 08 de abril de 2011.


Não via a hora de aquele dia acabar. Uma angústica por correr ao Estádio do Morumbi, ainda mais sabendo por minhas fontes no Hospital Albert Einstein que muita gente já estava acampada, esperando pelos shows.


Chegou a hora de levar minha barraca e acampar na porta do Estádio. Eu não estaria sozinho, minha sobrinha iria comigo e ela demorou prá chegar onde havíamos marcado, aumentando minha angústia.

Lá estava eu, no ponto de ônibus da Avenida Cidade Jardim esperando por ela quando, num horário de tráfego intenso em plena sexta-feira, um clarão se abriu na via.

Um batedor, dois, trê, quatro... Estranho, muito estanho... Alguns carros blindados passaram pela minha frente até que, deslizando pela avenida, as vans que levavam o U2 para o estádio passaram à minha frente.

Eu estava vestido de U2, com uma camiseta com uma foto enorme dos caras e, inacreditavelmente, um dos fotógrafos da equipe apontou o canhão de sua câmera em minha direção. Fiquei congelado. O que estava acontecendo comigo, meu Deus?

Passado o choque, minha sobrinha chegou e lá fomos nós.

Chegando ao Morumbi, muitas pessoas já aguardavam pelos shows.

Nunca, nunca em minha vida toda havia montado uma barraca de camping e com a ajuda de dois outros fãs pude erguer o local para passar a noite.

Uma noite barulhenta, interminável, mas necessária para quem desejava ver o U2 de perto e mostrar que compartilhava os mesmos sonhos, as mesmas ideias.

Fizemos bons amigos. Passei momentos de estresse pessoal, mas permaneci firme em meu propósito.

Gente de todo o Brasil. Gente de todo o mundo. São Paulo concentrava fãs apaixonados de lugares inimagináveis.

O portão se abriu... Muita correria. Minha sobrinha tomou uma pancada involuntária na barriga de um segurança que tentou impedí-la de correr...

-CORRE GABI, CORRE GABI... Eu gritava desesperado com a intenção de ser um dos sortudos a assistirem ao show de dentro do "círculo", uma espécie de área vip para os fãs mais devotados.

Entramos no círculo e tudo, tudo era gigantesco, inimaginável, absurdo.

Um show da esquadrilha da fumaça me deixou apavorado, mas era só um show, felizmente.

As horas se passavam e eu estava incrédulo.

O Muse abriu a noite. Show impecável, irrepreensível, era só o prenúncio de algo maior, único, arrebatador.




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