sábado, 18 de setembro de 2010

OS CAMINHOS

Os caminhos são sempre distintos. Alguns cheios de luz, outros com a incerteza da escuridão.
Alguns caminhos são longos e serenos, outros são curtos e conturbados.
Trajetórias incertas, certeza irremediável, imutável e misteriosa certeza.
Ruas vazias no outono repleto de folhas ao chão.
Ruas desertas com a garoa fina do inverno que açoita a pele fria.
Ruas lotadas de crianças que brincam no calor do verão, cruzando caminhos diversos.
Ruas de outubro, repletas de flores em caminhos de pétalas caídas no chão.
Ruas incertas, ruas corretas, ruas erradas, caminhos cruzados, caminhos separados.
Amigos que cruzam e seguem contigo, amigos que saltam e somem prá sempre.
Um dia um caminho, em outro outra direção.
Um dia caminho sozinho, em outro caminhas comigo, mas tens também teu caminho que segue comigo até o dia em que Deus quiser.
Caminhos são gratas surpresas, são dores, temores, são contínuas tristezas.
Caminhos são belos e feios, novos e velhos, neles vamos passar.
Caminho hoje contigo, fica comigo, não me deixe tão só.
Caminhe, mas sabemos que um dia voltaremos ao lugar de onde viemos, voltaremos ao pó.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

AUS DER TRAUM - WIR MÜSSEN DER TITEL AUF 2014


HOJE MINHA DECEPÇÃO É PRETA, VERMELHA E AMARELA...


Muito desapontado...

Queria de coração que os "jungs" tivessem vencido os ibéricos. Não quiseram os deuses do futebol. Azar deles, deuses estúpidos.

Uma final medíocre entre dois coadjuvantes eternos.

Não adianta Löw dizer que os caras foram melhores, pois isso todo mundo viu.

Mas por que foram melhores?

Porque ao invés de manter a equipe jogando com alegria, puxou-a para trás e a engessou. Só por isso perdemos.

Estou arrasado, triste de verdade.

Essa merda desse futebol só me traz desilusões... Tô cansado.

Ao menos até começar o próximo campeonato... E que não demore.

Kopf hoch, jungs!!!!!! Kopf hoch...

sábado, 24 de abril de 2010

HONRA E GLÓRIA AO SOLLYS OSASCO.
Emocionada, ao final da partida que deu ao Sollys Osasco o título da temporada 2009/2010 da Superliga Feminina de Vôlei, a ponteira Sassá traduziu com simplicidade o que significava aquele título. Ao revelar que todo atleta busca o momento de glória, como o que vivia naquele momento, Sassá nos levou, sem imaginar, a uma viagem no tempo...

Na Grécia, antes memo da vinda de Cristo, a retórica dos grandes oradores buscava justamente honra e glória. Essa batalha travada para que a audiência grega os admirasse era diária e desses homens notáveis muito se esperava. Ganhavam fama e dinheiro. Ensinavam aos que podiam pagar e desfilavam seu talento por todos os lugares em que passavam.

Assim foram as guerreiras de Osasco. Batalharam arduamente por anos até que vencessem a batalha. Amargaram alguns anos de derrotas nas finais, mas seguiram lutando, talvez inspiradas pelo grande Demóstenes e seus ideais de uma Grécia forte, inspirada pelos seus antepassados. Às meninas do Sollys, coube a busca pela inspiração em edições longínquas da Superliga. A inspiração de outras guerreiras como Virna, Mari, Valeskinha, Dani Vieira e Paula, que entre tantas outras também triunfaram pela equipe da Grande São Paulo.

Depois de enfrentar anos de desconfiança, as meninas paulistas remaram sem parar para que, ao menos dessa vez, não morressem na praia. Buscaram traduzir nos golpes indefensáveis de uma monstruosa Natália a certeza da vitória. Encontraram nas defesas e na garra de Jaqueline um trunfo para anular o ataque pesado das cariocas. Adenízia foi a incumbida de neutralizar a artilharia aérea das meninas do Rio. Thaysa, mais uma vez, constituiu-se numa muralha quase intransponível e deu às companheiras a segurança para o contra ataque. Sassá, como de costume, equilibou o passe e a defesa de Osasco e ajudou a preparar as armadilhas mortais contra a Unilever. Camilla Brait, corajosa, encarregou-se de sofrer pelas companheiras, colocando-se no caminho de qualquer ataque direcionado pelas oponentes e, finalmente, Carol Albuquerque distribuiu a munição de forma perfeita para que seu exército saísse do Ibirapuera vitorioso. Somados a elas, os esforços de comissão técnica, reservas, patrocinadores e torcedores fizeram a diferença.

Sassá estava certa... Depois disso tudo que ocorreu em abril de 2010 podemos chegar a uma conclusão:

HONRA E GLÓRIA PARA OSASCO!!!!!!!!!

Homenagem de um fanático torcedor da Equipe do Blausiegel São Caetano às meninas que venceram a Superliga Feminina de Vôlei 2009/20010.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

ARMANDO NOGUEIRA ARMANDO TABELAS...

Naquela segunda-feira estava bem feliz, afinal o Corinthians havia vencido o São Paulo por 4 a 3. Como de costume fui até a copa do trabalho e dei bom dia a D. Conceição. Quando me virei para a TV pude ver a Ana Maria Braga falando com uma foto do Armando Nogueira ao fundo... Pensei: "ah por favor... Não vão me dizer que ele morreu..." Sim, Armando havia partido...
O Armando era um daqueles homens que me inspiravam e ainda inspiram. Um daqueles que eu queria conhecer e ter a chance de chamar de amigo, de aprender muito observando... Seu texto é, para mim, um primor e não me envergonho em dizer que muitas vezes quis escrever como ele.
Tento, dentro de minhas limitações, homenageá-lo aqui nesse blog.

Do futebol, Armando seria o camisa 10. Do vôlei seria, certamente, o levantador mais habilidoso de todos, munindo os atacantes com as bolas perfeitas para golpes indefensáveis. Do basquete seria o armador que encantaria a todos, como as mãos da famosa "Magic". Um tenista que venceria os quatro Grand Slans por vários anos seguidos e um piloto que seria muito mais que heptacampeão de automobilismo.

Armando era rei das letras. Metáforas perfeitas e poderosas. Perspicácia e doçura nas palavras. Entrevistava com carinho meninas do vôlei e feras de outras áreas. Ná área ou nos ares lá estava ele, marcando presença, pronto prá bater o pênalti sem dar chances ao goleiro, mesmo que fosse seu oponente o melhor de todos.

Ah, quisera eu que meus textos se assemelhassem aos de Armando... Jamais será possível, afinal, fez tabelas que vão covardemente impedir que eu chegue perto dele. Tabelou com Pelé, com Garrincha, com Nilton Santos... Quando vi, já era tarde, ele estava na cara do gol. Tabelou com Magic Paula, com Hortência e mais uma vez corri atrás sem sucesso... Levantou para Virna, para Leila, para Ana Paula, para Ana Moser e levantou até para a levantadora Fernanda Venturini... Como se diz na gíria do vôlei, meu bloqueio "passou voando", como um ultraleve...

Um dos mestres nos deixou nessa semana e levou consigo a possibilidade concreta de algumas frases inacreditáveis.

Era encantador assistir ao Redação Sportv quando o Mestre Armando compunha a bancada... Mesmo as críticas mais ferrenhas saíam cheias de poesia, de elegância... Elegância. Essa talvez seja uma das palavras que melhor definam o texto sublime de Armando Nogueira.

De sua boca, as crônicas saíam poéticas, desafiando as classificações da língua e da literatura...

Sua caneta trabalhava bem e escrevia muito melhor que outras, de igual marca, de igual cor e de igual valor... Por que as palavras dele saíam, então, muito mais bonitas?

Redator, escritor, poeta, amante das palavras... De todas, mas em especial das mais belas...

Musas e monstros sagrados estiveram com ele e se curvaram diante do homem que falava manso, mas que a todos encantava.

Ficaria horas aqui descrevendo quem era, para mim, Armando Nogueira. Criaria uma "crônica poética" sem fim. Digitaria sobre o advogado, sobre o jornalista, sobre a contribuição para o JN, para o esporte, para a literatura. Mas seria insano tentar fazer uma vida inteira desfilar por linhas e colunas da tela de um computador.

Uma pena que não esteja entre nós em 2014 e em 2016, anos de fundamental importância para o esporte do Brasil. Estará, no entanto, dentro dos corações de todos aqueles que, como eu, flertarem com a língua portuguesa, tentando dela conquistar o posto de amante. Quem ama a língua portuguesa, ama indissociavelmente Armando Nogueira.

Ah, mestre... Agora que subiste ao céu com seu ultraleve teremos que, mais uma vez, sofrer... Afinal, as tabelinhas que fará com Garrincha e com os anjos hão de nos deixar sem fôlego.

Desculpe-me pelo português cheio de erros e tão distante do seu: elegante, correto e arrebatador. Sou um eterno aprendiz e espero que meus textos sejam de orgulhar a alguém, algum dia.

Descanse em paz... Bem, prefiro desejar que componha em paz, no infinito!!! Um abraço de um fã que, infelizmente, não o conheceu pessoalmente.

Nossa tabela, "Seu Armando", será virtual...

sexta-feira, 5 de março de 2010

SONETO DE NÓS DOIS

UMA LINDA MOLDURA DE CORPO
ENVOLVENDO UMA ALMA PERFEITA
EM SEUS OLHOS REPOUSO ABSORTO
ENCANTADO COA MINHA COLHEITA
ÉS DO CAMPO A MAIS LINDA FLOR
ÉS DA PRAIA O AGRADÁVEL CALOR
ÉS DO SOL O MAIS LINDO FULGOR
ÉS NO MUNDO O MEU GRANDE AMOR
SEU SORRISO, TÃO BRANCO E TÃO FORTE
QUE SEDUZ E ME TORNA UM REFÉM
ME ENVOLVE E DEVOLVE-ME A SORTE
QUE PERDI DUVIDANDO DO BEM
TRAZ-ME AGORA UMA ALMA CONSORTE
QUE EU SEI QUE ME AMA TAMBÉM.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

FEVEREIRO, SEMPRE FEVEREIRO...
Quarta-feira de cinzas, 17 de fevereiro de 2010


Um belo jardim, repleto de lindas flores, não costuma ter muitos problemas, pois é bem cuidado e reflete essa atenção que recebe. Por outro lado, quando encontramos uma flor em meio a espinhos ou quando percebemos uma árvore frutífera em solo julgado infértil qual é a nossa primeira vontade? Colhê-las para que não fiquem num lugar a que não pertencem...
Na vida as coisas não parecem ser muito diferentes. Muitas vezes presenciamos a existência de pessoas boas, incríveis, em lugares em que, para nós, só haveria tortuosidade. Deus parece ter a mesma percepção e, com isso, leva para junto de si essas flores, essas árvores de frutos diferenciados.
A vida é repleta de momentos marcantes. Há pessoas que vivem 90, 100 anos e isso já é tão pouco se pensarmos no tempo da Terra... Imagine quando essa vida se perde aos 10, 15, 18 anos...
Muitos mistérios nos cercam nessa casa chamada Terra. Nenhum, no entanto, pode ser comparado ao mistério chamado morte. Um clichê necessário é o que diz que a única certeza na vida é de que morreremos. Não sabemos quando, nem como. Alguns até conseguem descobrir, mas a grande maioria não o sabe. Esse mistério é repleto de simbolismos, de significados, de suposições, mas nada é concreto.
Lembro-me de uma música da Legião Urbana: "é tão estranho, os bons morrem jovens..." Infelizmente, ela insiste em ser entoada de tempos em tempos.
O único mal que não tem solução é morte. Uma pena.
Se pudéssemos mudar algumas histórias e transformar seus finais, a vida se tornaria fácil. Nossa estadia na Terra é, no entanto, uma novela que nem sempre tem finais felizes. Há dor, há desespero e há morte. Não temos como fugir disso. Muitas vezes um fardo se coloca nas costas das pessoas e as acompanha até seu último dia na Terra.
A dor da perda é algo insuperável. São pequenos pedaços de felicidade que vão se esvaindo e lá, no final de nosso percurso, os cabelos brancos e as rugas serão os reflexos das inúmeras perdas que acumularemos. Cada ruga representará alguém que a morte nos tirou. Muito triste quando isso acontece, ainda mais quando essas pessoas se vão tão cedo, tão jovens. Escaparão das rugas, das perdas seguramente. Deixarão, entretanto, seus nomes tatuados na pele dos que ficam. As marcas do tempo... Essas são as tatuagens mais doloridas que existem e quanto mais vivemos, mais marcas acumulamos.
Vida e morte. Azar e sorte. Bênção e maldição. São opostos que caminham em estradas paralelas. Um desvio, por menor que seja, pode significar o fim.
Diego, tão jovem. Um garoto diferenciado. Todos os caminhos te levavam para algo não muito bom, mas você preferiu mudar seu rumo e ser um exemplo positivo. Isso ficará para sempre. Não nos esqueceremos daquele sorriso aberto que sempre víamos em seu rosto.
Deus cuide de ti. Descanse em paz!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

SÁBADO, 20 DE FEVEREIRO DE 1988. // SÁBADO, 20 DE FEVEREIRO DE 2010.

Era uma manhã quente e nublada em São Paulo. Na televisão, as campeãs do carnaval daquele ano Vai-Vai homenageando a Bahia e Vila Isabel com Quizomba, festa da raça, homenageando os negros, tinham seus desfiles reprisados pela Rede Globo. Coincidentemente, o mesmo sábado em 2010 também é a data da comemoração das campeãs do carnaval, dessa vez Rosas de Ouro e Unidos da Tijuca.
Naquele ano, alguns dias antes do fatídico 20/02, enquanto lavava meus cães sob um sol escaldante, vi a mãe da Cris passando pela rua e nos cumprimentamos, com o carinho habitual. Estranhamente, 22 anos depois lá estava eu, lavando os cães novamente quando nos vimos sob uma situação semelhante. Já sabendo que o dia 20/02 se aproximava, senti algo estranho e comentei com meu amigo Thompson.
Em 20/02/88 lamentava a morte de minha melhor amiga, a Cristiane. Hoje completam-se 22 anos e jamais pude esquecê-la. Hoje é também um dia de lamentar a morte do Diego, na última quarta-feira de cinzas. O mês de fevereiro definitivamente não é dos melhores. Em 19 de fevereiro de 1985, perdi minha avó, também no período de carnaval... O ano passado teve dias terríveis que se estenderam por março também. Março, que em 1992, no dia 20, marcou a morte de um amigo de escola, o Quirino.
Muitos fatos ruins, não? Voltemos então ao dia 20/02/1988...
O bom e ruim dos blogs é a chance de nos permitir voltar a momentos de nossa vida que preferíamos jamais ter vivido. Mas hoje, um sábado, assim como aconteceu em 1988, logo depois do carnaval não poderia passar despercebido.
Sentados na calçada, a Janaina, o Tiago, o Well e eu brincávamos com o "vira-monstro, vira-herói", quando um carro da funerária desceu a rua de casa. Nunca gostei desses carros e ainda hoje, quando vejo um, tenho vários calafrios. Segundos depois minha tia Diva desceu a rua de sua casa ao lado da nossa e disparou: "Será que é o corpo da Cris que vieram trazer?"
Como se um terremoto de dimensões inimagináveis tivesse feito meu chão tremer, perguntei: "O que? A Cris morrreu?" E minha tia percebeu, naquele momento, que havia falado demais.
Entrei em casa como um furação, gritando e chorando acusei minha mãe e minha irmã de me esconderem a verdade e inconsolável não sabia o que fazer, o que pensar.
A Cris era aquela amiga de todos os momentos, íamos à escola juntos, faltávamos juntos, fazíamos quase tudo juntos.
Um dia, numa festa na casa da Rita, dançávamos uma música do Balão Mágico (regravação de coração de papelão), quando ela sentiu muita tontura. Foi prá casa e dias depois ouvi uma vizinha conversar com minha mãe. Estava pronto prá ir para a escola e a vizinha disse: "Então, o médico disse que ela tem um tumor no cérebro, e vai morrer." Interrompi apavorado e levei uma bronca por ouvir conversa de adultos, mas o diagnóstico era fatal.
A Cris teve uma primeira internação, passou por uma cirurgia e ficou alguns dias em casa. Não tinha coragem de vê-la, até que um de nossos amigos me disse que ela perguntava de mim o tempo todo e cobrava minha presença. Tomei coragem, comprei umas maçãs e levei até a casa dela. Ao entrar, ela estava careca, com uma faixa na cabeça e me disse que estava com uma crise de enxaqueca. Eu sabia a verdade e contava piadas, que faziam com que ela risse muito, mas por dentro estava dilacerado. Naquele dia, não queria mais sair do lado dela, foi nossa despedida, nosso último dia juntos. Alguns meses antes, numa festa na casa dela, ela havia me mostrado uma música (Lean on me), que até hoje me lembra nossa amizade.
Dias e meses se passavam, e nós, um grupo de jovens amigos fazíamos campana na rua, em busca de notícias. Certo dia, uma falsa informação de que ela havia morrido nos chegou e fiquei durante várias horas, na frente da casa dela, tomando coragem de abordar sua mãe e perguntar se era verdade. Depois de muito ensaiar perguntei e ouvi a resposta de que ela estava bem, dentro de suas possibilidades. Um alívio e a esperança de que tudo daria certo me tomaram.
Infelizmente o dia 20/02/1988 chegou. O velório foi em sua casa e tive que me esforçar muito para ir até lá. Na chegada, seu irmão, o Dênis que tinha 2, 3 anos nos recebeu com a frase: "Minha irmã está na caminha nova dela", foi a senha prá que eu desabasse. Daí prá frente foi só desolação. Num vestido branco estava nossa amiga. Sua guerra contra o câncer tinha acabado, aos 13 anos ela nos deixou.
Fiquei tão abalado que fui mandado para o Jardim Brasil, à força, para uma festa na casa de minha tia Carmen. Enquanto todos se divertiam, um pedaço de mim era velado. Ainda hoje não entendo o porquê de me enviarem para longe, quando o que eu mais queria era me despedir de minha amiga. Voltei prá casa no domingo à tarde e ouvi relatos do enterro, da quantidade imensa de pessoas, dos colegas e professores do Álvares que estavam lá. As meninas andavam de bicicleta, os meninos jogavam bola e eu tentava entender a morte, tão cedo, de alguém tão jovem.
Durante alguns anos, nos dias 15/01 (aniversário dela) e 20/02, íamos ao Cemitério de Vila Alpina visitar seu túmulo. Por vezes vi a família da Cris lá e hoje, 22 anos depois ainda tenho vivas em minha memória as lembranças daquele período tão difícil. Curiosamente, próximo ao túmulo de meu pai, está enterrado um garoto, Fernando Edgard Castro Dalto, impossível não reparar. Um menino de 15 anos que morreu num dia de Natal e que tem, sempre, uma faixa colocada pelos amigos na época de seu aniversário de morte. Esses amigos devem entender bem o que sinto.
Um dia, numa aula na escola pública que frequentávamos eram distribuídos aqueles livros que cada ano ficam com uma criança quando o Carrilho achou uma foto. Quando começaria a rabiscá-la fazendo bigodes e chifrinhos, foi interrompido pela Elaine Sena aos prantos: "É da Cristiane!!!", foi a senha prá comoção na aula. Era uma foto de nossa amiga, no Playcenter, que havia sido esquecida no livro. Lembro-me de algumas de suas amigas, especialmente da Monique, que fim terá levado?
Sou fechado e isso não é segredo algum, passei vários anos de minha adolescência tomando banhos longos. Os garotos nessa idade descobrem a própria sexualidade e se divertem em banhos longos, mas eu chorava copiosamente por 30, 40 minutos, uma hora... Saía do banho como se nada tivesse acontecido e seguia meu caminho. Durante anos não quis fazer novos amigos, por medo de que também morressem, tornei-me gótico. Sombrio, sinistro, depressivo e culto, escrevia textos lindos sobre temas nem tão bonitos assim.
Muitos anos se passaram até que pudesse deixar prá trás essa dor. Hoje venho até aqui e compartilho com alguns de vocês essa perda irreparável em minha vida.
Cristiane das Dores Marchini, 1975/1988... Tantas saudades de ti, amiga querida. Os 22 anos passados não foram capazes de apagar a sua voz e a sua risada de minha mente. Que pena que você não está aqui. Havia tantos anos que não chorava por você. Havia tanto tempo que não chorava redigindo um texto.
Saudades eternas, amiga. Saudades eternas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A CIDADE E O TEMPO
Marina levantou da cama assustada e olhou a hora no celular. Deveria estar em pé às 5h30, mas já eram 6h15 e o fretado passava na rua de sua casa às 6h30. Definitivamente não o conseguiria pegar. Decidiu ir de carro. Mesmo para ir de carro o tempo não era seu aliado.
Lavou-se no melhor estilo "banho de gato" e arrumou-se às pressas. Sorte que teria uma reunião importante e separara na noite anterior seu melhor terninho. O salto, impecável e brilhante, refletia suas ambições para aquela sexta-feira chuvosa.
O trânsito estava infernal e uma preocupação começou a tomá-la de assalto. Já eram 7h50 e ainda nem havia saído da Marginal... "Maldita Marginal", pensava irritada enquanto ouvia às notícias matinais no rádio de seu automóvel. Buzinas, buzinas, buzinas e um acidente. Um caminhão tombado na pista causava todo o tumulto. Passado o acidente o trânsito fluía bem.
Chegou apressada, deixou o carro com o manobrista e se deu um pequeno luxo. Faltavam cerca de 30 minutos para o início da reunião e, apesar de precisar imprimir alguns relatórios, passou no café para um lanche rápido.
Apressada cumprimentou a todos e pediu para Cleide, a garçonete, uma prioridade no atendimento. Cleide já a atendia nos últimos 5 anos e não hesitou em ajudar a cliente-amiga. Quando entregou-lhe o café Cleide percebeu algo errado. Um rasgo grande na parte de trás do "blazer" de Marina. A jovem executiva ficou apavorada. Como poderia ir a uma reunião tão importante com a roupa rasgada. Convencida pela garconete de que sua camisa era bastante conveniente para a reunião, deixou a peça rasgada de lado e subiu apressada ao escritório.
Pasta de dentes, escova e a última verificação na maquiagem. Uma roupa sóbria, calça preta e uma camisa cinza-clara compunham seu vestuário. Tudo corria bem, até que o tubo de pasta de dente tombou sobre sua roupa, derrubando sobre ela uma quantidade imensa de pasta. Definitivamente não era seu dia. Com um lenço perdido na bolsa tentou limpar a camisa, mas só aumentou a mancha. Desolada, pensou em desistir de tudo e voltar para casa. Mas persistiu.
Lembrou-se que ainda possuía em sua sala uma elegante echarpe que poderia encobrir a mancha da blusa. Não pensou duas vezes, afinal era uma grande chance de alavancar sua carreira. Felizmente a echarpe deu um ar bastante sofisticado ao seu visual e finalmente um belo sorriso pôde ser visto em seu rosto, reluzente pela primeira vez naquele dia.
CONTINUA...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A TORRE

No alto, bem alto, mais alto lugar da Terra

Se esconde perdido de tudo, inclusive da guerra

Um menino, sozinho na torre se esquiva da fome

Um garoto se livra de tudo e esconde seu nome

Do alto, mais alto, bem alto a lua se vê

Esquece dos bens lá de baixo, pois crimes prevê

Prefere a dureza da noite que esconde seu norte

Pois sabe que a luz clara do dia mudará sua sorte

Bem alto, do alto, mais alto não quer ecoar

Fugindo da vida na Terra, queria voar

Saltar do topo da torre e da vida fugir

Entrar num casulo seguro e de lá não sair

Mas percebe que a vida na torre não é salutar

Abandona então a clausura e decide lutar

sábado, 6 de fevereiro de 2010

PROJEÇÕES NO ESPELHO: O CÔNCAVO E O CONVEXO

Muitas vezes reflexos reais e virtuais se formam à partir de um feixe de luz emitido sobre um espelho.
Na verdade nem sei se essa é mesmo uma parte correta dessa teoria bastante complexa de uma parte da óptica. Talvez venha daí aquela famosa expressão "ilusão de ótica".
Com a vida as coisas não são tão diferentes assim. Complexo esse início de texto, não?
Projetamos sonhos em almas e corações distintos durante toda a nossa vida e esperamos até ver o que devolvem esses espelhos côncavos e convexos.
Muitas vezes depositamos expectativas que vão além das capacidades humanas. Muitas vezes depositamos crenças de que as pessoas podem nos devolver a luz que mandamos para elas através de ondas de diversas gamas... Um desequilíbrio fatal na corda-bamba.
É triste receber invertido aquilo que se dá de melhor. Mas a física pode explicar. E se a física não explicar o fará a biologia, ou a química, ou a sociologia, ou a antropologia...
Prótons, nêutrons, elétrons, feixes de luz.
Um reflexo de tudo aquilo que se espera do universo está ali, explicado pela ciência.
As emoções humanas não têm explicação? Tem sim e uma delas é um fato incontestável: VOCÊ SERÁ DECEPCIONADO PELAS PESSOAS E TAMBÉM AS DECEPCIONARÁ.
Caminhando por aí é possível ver as pessoas desapontadas. Todos os dias alguém se queixa de algo ou de alguém... E a vida segue, dando a certeza de que as projeções daquilo que depositamos são o caminho mais certeiro para o abismo.
O que recomendam, então, as ciências?
Recomendam que saibamos lidar com isso, pois os espelhos da alma são mais côncavos e mais convexos do que se pode imaginar.
Sendo assim, as imagens refletidas tendem a ser mais reais e mais virtuais ainda.
A realidade aumentada pode ser uma dose letal de veneno que nem Darwin, nem Einstein, nem Proust poderiam explicar.
Argentum, Stibium, Hidrargirum, Aurum, Kalium... Ah, se a mente humana fosse tão determinada quanto as propriedades dos metais, quanto as características dos elementos químicos.
A química da alma é nociva e inexplicável.
Determinismo racial? Indeterminismo? Determinismo da alma? Indeterminada, indeterminante, inexplicavelmente itinerante.
Loucuras de uma noite de verão, quente, abafada, depois da tempestade sempre vem a hora de recolher os cacos. De lavar o chão onde minutos atrás o corpo repousava inerte depois da queda. Haja teoria da relatividade em ação. E reação...
Projeções são, na verdade, as imperfeições que não compreendemos e que gostaríamos de transformar em algo que realmente expressasse o que esperamos das pessoas. Ilusão de ótica. A realidade é outra. Somos quem podemos ser e temos aquilo que podemos. Nem mais, nem menos. As projeções refletem aquilo que menos gostamos.
Os espelhos mostram, muitas vezes, o que não queremos ver, pois a física da alma é implacável.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

UMA MANHÃ CHUVOSA

O dia sequer havia amanhecido quando ele chegou ao ponto de ônibus na garoa preguiçosa da cidade...
Os mesmos rostos de todos os dias se espremiam sob a proteção velha e enferrujada da periferia.
Um "bom dia" quase balbuciado parece ter saído de sua boca, mas a certeza de que isso tenha ocorrido não existe.
Naquele dia o ônibus lotado de todos os dias estava excepcionalmente esvaziado e um banco livre se apresentou como um oásis no deserto. Era perfeito para aquele "cochilo culposo", quase involuntário, mas inexplicavelmente delicioso.
Antes de adormecer os rostos conhecidos e desconhecidos entravam, um a um, no meio de transporte público, de vidros fechados, embaçados e aparência deprimente.
"In God´s Country" reafirmava sua fé e mesmo com sua letra controversa e aparentemente confusa o fazia professá-la de maneira quase inconsciente.
Um transe promovido pela sucessão de músicas hipnóticas fez com que ele se desligasse de tudo e se voltasse para sua mente. Erros, acertos, dúvidas, medos, incertezas, angústias. A manhã cinzenta da cidade era suficientemente insinuante para uma auto-análise.
A chuva persistente insistia em molhar tudo. E todas as ideias já concebidas pela humanidade pareciam atormentá-lo, misturadas, perturbadoras, avassaladoras.
Muitas cartas na manga se apresentavam para um jogo em que as apostas poderiam significar vida ou morte. Pior, poderiam significar felicidade ou tristeza.
Uma pausa para trocar de ônibus, afinal o caminho até o trabalho era imenso.
Um novo banco livre e um leve sorriso de quem tirou a sorte grande pode ser observado em seus lábios quase imóveis.
Mais alguns segundos em que os cochilos se alternavam com sustos pelo medo de perder o destino. "O sono chegou como uma droga *1" e ele nem percebeu quando as músicas do Coldplay começaram a tocar em seu MP4, doloridas, agonizantes, penetrantes...
Pequenos flashes eram expulsos pelo subconsciente toda vez que, num espasmo surtado, o jovem olhava em volta sem reconhecer o local em que estava. Enfim a percepção de que o caminho ainda não havia acabado e a viagem seguia.
O cochilo final terminou vadio, sem vergonha, sem pudores e uma leve espreguiçada colocou as ideias em ordem.
Todos os dias convidavam à reflexão, mas poucas manhãs eram tão inspiradoras como aquelas chuvosas e cinzentas.
Saltou no ponto certo e, lentamente, caminhou remoendo tudo aquilo em que havia pensado o caminho todo, entre cochilos e devaneios.
A música, dessa vez alta e identificada soava adequada aos pensamentos confusos. O relógio da rua, os carros, os prédios, a cidade barulhenta parecia emudecida pelos pensamentos inquietantes e lá se foi o rapaz.
Um novo dia se apresentava e exigiria dele muito mais que os simples pensamentos preguiçosos de uma manhã chuvosa na cidade encantadora.
Inexorável era sua marcha. E ele marchou, pensando nas contas, no amor, na família, nos estudos, na ciência e em tudo mais o que a sua mente fértil pudesse propor.
Ele seguiu sua vida pensando como nunca em, mais uma manhã chuvosa...
*1 - Frase adaptada de "In God´s Country - U2".

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ENFIM 10 DE DEZEMBRO DE 2009.
Um lindo dia em 2009 me fez voltar a crer em uma série de coisas que já estavam abandonadas em minhas prioridades.
Antes que alguém pergunte se foi o dia 10/12/2009 já adianto: não foi.
O dia exato nem sei precisar, mas sei dizer qual foi a data responsável por alterar o curso da história. Ao menos o curso da minha história: 28/06/2009.
Um dia comum, à princípio. Uma festa de criança, o aniversário de um de meus irmãos, uma festa junina no SESC... Uma festa junina no SESC??? Sim, uma festa junina no SESC.
Vários lances aconteceram nesse dia, mas um encontro nada casual alteraria minhas percepções da vida e me faria rever uma série de conceitos que eu já classificava como inquestionáveis.
Você chegou e sorriu prá mim.
Mesmo cansado pela espera foi impossível não notar seu imenso sorriso; branco, lindo, cativante. Fluência de palavras.
Sucessão de frases que mais pareciam armadilhas fatais. Lá fui eu, como um urso prestes a ser capturado.
A ferocidade do animal agressivo e selvagem tornou-se doçura e virei um bicho doméstico.
Dias e noites se alternaram até que a primeira frase devastadora fosse dita.
Uma leve embriaguez, um ar "non sense", mas a audição e as idéias conseguiam identificar exatamente a importância daquele momento.
Entre risos debochados a certeza de que algo muito bom começara a acontecer.
Dias e noites de angústia se seguiram, afinal será que aquela frase sintetizava meus anseios? Será que refletia meus desejos.
Alternância de datas em silêncio, onde a paciência era a mais doce das torturas chinesas.
Sóis e chuvas passaram. Doces sonhos e pesadelos me seguiram. Luas e nuvens sinistras me fizeram pensar. O tempo se esgotava e eu precisava dar a mim mesmo uma resposta.
A voz engasgada quase entregou minhas certezas, mas ainda não era hora...
O dia chegou e nem mesmo eu sabia. Poderia ter sido um presente de aniversário? Talvez, mas não sei se seria tão especial.
Em 14/12/2009 lá estava eu. Estático. Lacônico. Vulnerável.
Medos e desejos estavam de mãos dadas numa atmosfera mágica.
As árvores, as luzes, o véu de água, a música. Ah, a música... Tudo conspirava para um fim apoteótico e foi o que realmente ocorreu.
Ainda proferia meu discurso quando fui brilhantemente interrompido por Händel, com uma de suas obras mais conhecidas. Era o fim do drama. Anos e anos foram sepultados e finalmente senti de novo o gosto da felicidade...
E você me pergunta? Que raios tem o dia 10/12/2009 a ver com isso?
E eu respondo: TUDO.
Num dia 10/12 de um ano não muito distante começou uma doce aventura, que, quis Deus, se cruzasse com a minha doce aventura.
E cá estamos, firmes.
Dia 10. Dia 28. Dia 30. Dia 14. Muitas datas. A perfeita cronologia de uma história que tem tudo prá ir muito, muito longe...

domingo, 17 de janeiro de 2010

O ANO DO CENTENÁRIO

Pois é... Chegou o ano do CENTENÁRIO DO CORINTHIANS.
Parece óbvio por inúmeras razões que não assistirei na íntegra a todos os jogos, mas tentarei postar minhas satisfações e frustrações pelos resultados alcançados pelo Timão.
A primeira impressão foi positiva, mas num amistoso não conta muito.
Corinthians 3 x 0 Huracán.
Hoje ficou o gostinho amargo pelo empate com o caçula Atlético de Monte Azul Paulista, cidade por que tenho grande simpatia.
O Time não rendeu o esperado, mas é início de temporada.
O Tcheco não me agradou, mas o Iarley foi bem.
O Souza não marcou, mas fez uma boa partida.
Felipe falhou no gol adversário? Sim, mas fez duas defesas espetaculares depois.
Os outros foram discretos.
Que venha o Bragantino.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O HAITI É AQUI?

IMPOSSÍVEL NÃO SE COMOVER

Não somos mesmo feitos de aço, ferro e concreto como os grandes prédios que ruíram com o terremoto no Haiti.
Nossa estrutura é frágil e franzina se comparada aos imensos arranhacéus existentes mundo afora. Mas nossa mente e nossa coragem são gigantes, inabaláveis, quase indestrutíveis.
Entre os escombros ouvem-se vozes. Entre os escombros fios de esperança se tornam da cor do ouro. Entre os escombros anônimos repousam, anônimos agonizam e anônimos lutam e sobrevivem.
Impossível não derramar lágrimas. Nem mesmo meu coração de pedra consegue resistir às terríveis cenas mostradas por jornalistas e amadores do mundo globalizado.
Dessa vez a imprensa deixa o show de lado e parece, diante de tanta consternação, agir com maior decência.
Pés e mãos unidos sob e sobre os escombros.
Preces desconexas.
O texto não é linear, pois a vida também não o é e a dor também não...
Apesar das diferenças, é um momento em que o mundo se faz MUNDO. Brasil, Alemanha, EUA, França, México, Islândia, Bélgica, Japão, Inglaterra... Todos enviam ajuda humanitária. Médicos, bombeiros, voluntários. De Angra para o Haiti.
O Haiti era aqui na semana passada.
Às vezes nos entregamos à descrença na humanidade. Mas às vezes voltamos a crer nela.
Dias terríveis chegaram. Exemplos estupendos não tardaram.
A fé remove montanhas.
A fé remove escombros.
A fé remove barreiras.
De longe ficamos na ORAÇÃO: Orar + Ação.
Uma garrafa de água pode fazer a diferença nessa hora.
Oremos e façamos algo.
Acalma o coração.
Remove os escombros da alma e reconstrói a fé no homem, a fé na vida.
O Haiti é aqui?
Já foi, já é, será?
Hoje, o Haiti é o Haiti.
Devastados, hão de levantar das cinzas e imitar a fênix.
Que a vida triunfe sobre esse mar de morte.
Que a vida triunfe.

sábado, 9 de janeiro de 2010

UM INÍCIO DE ANO ASSUSTADOR

Nem mesmo em meus mais sombrios pesadelos poderia projetar um início de ano tão assustador.
Ainda devo um texto de aniversário... Não me esqueci, amor.
Ainda devo um texto contando a virada de ano.
Ainda devo muitos textos.
Infelizmente meu primeiro texto de 2010 será um pouco amargurado. Mas os próximos hão de ser felizes...
São Luís do Paraitinga, Angra, chuva, deslizamentos, desabamentos, mortes, catástrofes.
Um jovem morre para salvar a irmã.
Uma futura advogada assassinada na frente do filho e do marido.
Tragédias no trânsito.
Bem-vindo 2010. Sua chegada poderia ter sido mais suave.
Ainda para aumentar esse drama, o ano de 2010 segue a linha do ano de 2009. No ano que terminou perdi muitas pessoas queridíssimas vitimadas pelo câncer. Doença maldita que já levou meu pai e minha melhor amiga, Cristiane.
Ontem foi sepultada minha prima Cidilene. Mais uma mulher ainda jovem, com anos felizes pela frente, que poderia viver experiências maravilhosas, mas foi parada por essa maldita doença.
O que pensar nessas horas? Não há o que fazer.
Aos meus primos Gentil, Juliana, Fabiana e Ítalo envio meu imenso abraço e não há uma palavra sequer que eu possa dizer que vá amortecer a dor imensa que estão sentindo.
Chorem. Chorem muito. Essa hora é de desabar, não adianta buscar força para resistir.
O tempo vai ajudar a estancar o sangramento, mas as cicatrizes são eternas.
Depois de chorarem as lágrimas todas, a saudade será imensa e somente a certeza de um reencontro é que fará a vida seguir seu rumo, mesmo com um vazio imenso.
Estamos com vocês, nunca se esqueçam disso.