segunda-feira, 27 de abril de 2015

Terça

O céu escureceu há horas
Opaco, sem lua, sem estrelas
Sem as listras azuis na rede
O lar é distante, a cama é vazia
Em outros braços repousa
Em outro corpo se aquece
De outro alguém se esquece
Entristece a certeza da dúvida
Talvez queira, só talvez
Talvez sirva, mas só se servir
Talvez satisfaça, mas só se calar
Igual és agora não pode ficar
Pra ganhar sobrevida precisa mudar
O corpo estranho lhe dá diversão
O momento feliz é pura ilusão
O peso na mente supera o prazer
Ao pensar na vitória acabou de perder
O dia clareia e traz a verdade
Nua, crua, cruel realidade
Sob o teto reflete a sinistra ambição
De querer outros corpos e um coração

2 comentários:

Felipe Celline disse...

uma segunda feira - uma semana que segue pelo caminho da rotina - é como uma lição para provar que depois do prazer, do corpo quente, um olhar vai procurar lar em algo permanente, num rosto que conforte. Quando não achar, bate o arrependimento.
Pena que sofram tanto para aprender isso.

Kléber disse...

Pois é, Felipe. O sofrimento deixou de ser escola. Caminhamos para as sombras, sempre, sem perceber que afastar-se do sol é morrer um pouco por dia.