domingo, 30 de novembro de 2014

TERRA DE NINGUÉM

Fui educado com padrões rígidos.
Meu pai e minha mãe não toleravam ouvir reclamações de vizinhos a nosso respeito. A relação entre a vizinhança era de respeito total.
Eram outros tempos.
É mais de meia-noite e uma hora atrás, com toda a educação do mundo, pedi aos meus vizinhos para, por favor, diminuírem o volume do som. Pedi desculpa pelo inconveniente (sim, eles estão numa baita festa já na madrugada de segunda-feira e me coloquei como inconveniente). A dona da casa sorriu, disse que era só um "churrasquinho" e entrou. Quinze minutos depois voltaram com inúmeros tambores e desde então estão cantando alto e batucando sem parar.
Uma vizinhança cheia de idosos acamados.
Uma vizinhança onde quase todos saem de casa entre cinco e seis da manhã para trabalhar.
E o que posso fazer? Ouvir o maldito samba que nos é empurrado às altas horas.
É só a prova de que o eucentrismo tomou conta do cidadão: se estiver bom para mim, foda-se o outro.
Eu não consigo ser assim. Será que o errado nessa porra de lugar sou eu?


2 comentários:

Felipe Celline disse...

E dizem que o mal do século é a depressão! Pff, com certeza é a falta de empatia!

Kléber disse...

Verdade, Fe... Surpreso que ainda veja esse blog. Voltarei a postar para extrair da alma algumas angústias, rsrsrsrsrs...