quarta-feira, 9 de setembro de 2020

ILUSÃO

No fundo do poço  surge um feixe de luz
Uma mão se estende firme, convidativa
O momento crítico não permite nenhum critério
É confiar ou morrer no centro da Terra, um tétrico cemitério
Um sorriso, uma palavra, um acalanto
Um colo quente, um cafuné desconcertante
Frases doces que seduzem e encantam
Abraço forte que completa uma ilusão
A xícara de café vazia faz valer a pena o dia
A cama molhada de suor exala o odor do amor
Fluidos corporais se espalham pelo quarto perfumado
E garantem sonhos doces e um futuro planejado
Mas o tempo muda o sorte, tira a vida e devolve a morte
Sóis e luas açoitam a traem a esperança
A luz que guiava os passos cessa e caminhar na escuridão é uma armadilha
Os passos equivocados conduzem a uma tragédia anunciada
O abismo à frente, um caminhar sôfrego e a queda é inevitável
Longa, cruel, fria e devastadora
Do pó ao pó, a terra batida do fundo do poço é implacável
Os ossos dóem, o medo dói, o orgulho dói
De volta ao fundo da Terra, onde o silêncio contraria a ciência
Dessa vez não há luz, não há mão
Dessa vez não existe mais nenhuma salvação
É o fim, simples, duro e direto
É o fim, sombrio, traiçoeiro e abjeto
É o fim
Sair do poço não passou de uma doce ilusão


Nenhum comentário: