quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A CIDADE E O TEMPO
Marina levantou da cama assustada e olhou a hora no celular. Deveria estar em pé às 5h30, mas já eram 6h15 e o fretado passava na rua de sua casa às 6h30. Definitivamente não o conseguiria pegar. Decidiu ir de carro. Mesmo para ir de carro o tempo não era seu aliado.
Lavou-se no melhor estilo "banho de gato" e arrumou-se às pressas. Sorte que teria uma reunião importante e separara na noite anterior seu melhor terninho. O salto, impecável e brilhante, refletia suas ambições para aquela sexta-feira chuvosa.
O trânsito estava infernal e uma preocupação começou a tomá-la de assalto. Já eram 7h50 e ainda nem havia saído da Marginal... "Maldita Marginal", pensava irritada enquanto ouvia às notícias matinais no rádio de seu automóvel. Buzinas, buzinas, buzinas e um acidente. Um caminhão tombado na pista causava todo o tumulto. Passado o acidente o trânsito fluía bem.
Chegou apressada, deixou o carro com o manobrista e se deu um pequeno luxo. Faltavam cerca de 30 minutos para o início da reunião e, apesar de precisar imprimir alguns relatórios, passou no café para um lanche rápido.
Apressada cumprimentou a todos e pediu para Cleide, a garçonete, uma prioridade no atendimento. Cleide já a atendia nos últimos 5 anos e não hesitou em ajudar a cliente-amiga. Quando entregou-lhe o café Cleide percebeu algo errado. Um rasgo grande na parte de trás do "blazer" de Marina. A jovem executiva ficou apavorada. Como poderia ir a uma reunião tão importante com a roupa rasgada. Convencida pela garconete de que sua camisa era bastante conveniente para a reunião, deixou a peça rasgada de lado e subiu apressada ao escritório.
Pasta de dentes, escova e a última verificação na maquiagem. Uma roupa sóbria, calça preta e uma camisa cinza-clara compunham seu vestuário. Tudo corria bem, até que o tubo de pasta de dente tombou sobre sua roupa, derrubando sobre ela uma quantidade imensa de pasta. Definitivamente não era seu dia. Com um lenço perdido na bolsa tentou limpar a camisa, mas só aumentou a mancha. Desolada, pensou em desistir de tudo e voltar para casa. Mas persistiu.
Lembrou-se que ainda possuía em sua sala uma elegante echarpe que poderia encobrir a mancha da blusa. Não pensou duas vezes, afinal era uma grande chance de alavancar sua carreira. Felizmente a echarpe deu um ar bastante sofisticado ao seu visual e finalmente um belo sorriso pôde ser visto em seu rosto, reluzente pela primeira vez naquele dia.
CONTINUA...

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